Caminhão produzido na China e adaptado com terceiro eixo no Brasil, E-JT 12,5 custa R$ 699 mil
A JAC Motors apresentou nesta quarta-feira (24) à imprensa em São Paulo seu novo caminhão elétrico, o E-JT 12,5, com peso bruto total (PBT) de 12,5 toneladas e carga útil de 8,6 toneladas. O caminhão é produzido na China, mas tem um terceiro eixo adaptado no Brasil. Segundo a montadora, o veículo apresenta uma economia de R$ 1,32 no custo por km rodado.
O lançamento é o 11º veículo elétrico (incluindo carros de passeio) apresentado pela JAC. O novo caminhão surgiu a partir do desejo dos clientes da montadora. “Desde o ingresso nesse segmento, há quase três anos, a JAC vem trabalhando em uma apurada pesquisa de todos os segmentos de mercado em que caibam seus veículos totalmente livres de emissões”, diz o release da montadora. “A chegada do JAC E-JT 12,5 contraria, porém, as lógicas anteriores. Diferentemente dos outros lançamentos, que foram apostas certeiras da marca, esse novo modelo nasceu por intermédio de um pedido direto dos clientes”, complementa.
De acordo com a empresa, foram os frotistas que compraram o caminhão elétrico anterior – o iEV1200T (que tem PBT de 8,5 toneladas), que solicitaram uma opção mais pesada a fim de cumprir alguns roteiros logísticos que exigiam maior capacidade de carga.
Presidente do Grupo SHC e da JAC Motors Brasil, Sergio Habib, explica o que a marca fez: “Fomos à China, trouxemos esse caminhão e o equipamos com o terceiro eixo, criando o E-JT 12,5. Trucado, compacto, com PBT de 12,5 toneladas e carga útil de 8,6 ton, o que é uma enormidade. E melhor do que tudo isso: ele traz uma economia espantosa de R$ 1,32 no custo por km rodado e também atende aos princípios de ESG dessas companhias”, conta. Da sigla em inglês, ESG significa governança ambiental, social e corporativa.
COMPARAÇÃO
Segundo a montadora, um caminhão a diesel que rode, hoje, 30.000 km por ano, emite cerca de 20 toneladas de CO2 no período. “São cerca de 600 toneladas emitidas por apenas um veículo a diesel em seu período de vida útil, ao redor de 30 anos. A introdução do JAC E-JT 12,5 na frota das empresas vai anular imediatamente essa gigantesca emissão de carbono”, acentua Habib.
Se estiver em condições de Peso Bruto Total, isto é, com 8,6 toneladas de carga, o modelo percorre 150 km – a autonomia aumenta para 180 km com 70% de carga útil ou ainda se estende a 250 km, caso o veículo esteja vazio.
Mas considerando a carga total: cada “abastecimento” de carga, que totaliza 107 kWh, vai dispender um total de R$ 69,55, considerando o custo médio de R$ 0,65 por kWh no Estado de São Paulo. Isso dá R$ 0,46 por km rodado.
Veja agora o que acontece num caminhão médio a diesel no mercado brasileiro: para rodar os mesmos 150 km, ele precisará, no mínimo, de 37,5 litros de combustível. Ao preço médio de R$ 7,13 (valor médio do óleo diesel tipo S10 no país, atualizado até 20 de agosto), essa conta saltará para R$ 267,38, ou R$ 1,78 por km rodado – e isso sem contar a adição de Arla 32.
Na ponta do lápis, o modelo da JAC economizaria R$ 1,32 por km rodado somente no custo de combustível na comparação com os concorrentes movidos a diesel.
PREÇO
Durante entrevista, o presidente disse que o novo veículo custa R$ 699 mil. Os concorrentes a diesel estão na faixa de R$ 400 a R$ 450 mil. Hoje, segundo o próprio Habib, a “conta ainda não fecha”. Ou seja, a economia da versão elétrica não paga a diferença do preço. Mas a partir do ano que vem, com a obrigatoriedade da motorização Euro 6 para todos os novos caminhões, a “conta vai fechar”. Isso porque os modelos a diesel custarão mais caro para atender à legislação.
Atualmente, quem investe na frota elétrica são as empresas listadas na Bolsa de Valores, que têm compromissos de reduzir suas emissões de CO2. A Ambev é uma das companhias que estão apostando na motorização elétrica. “Se eu atraso a entrega de um caminhão elétrico para a Ambev, o responsável pela logística deles perde uma parte de sua premiação”, conta.
Os caminhões elétricos devem crescer bastante nos serviços públicos, segundo o presidente. “A prefeitura não vai querer um caminhão de lixo rodando de madrugada e acordando todo mundo se existe uma opção silenciosa”, argumenta.
MERCADO
Habib conta que o mercado de caminhões na faixa de 5 a 10 toneladas é de cerca de 12 mil unidades por ano. “No ano passado emplacamos 600 elétricos nesta faixa. No primeiro semestre deste ano, emplacamos mais 600”, conta.
O modelo lançado agora, no entanto, só deverá ter os primeiros emplacamentos em 2023. “Quando o cliente aprova a compra de um caminhão desses precisamos de seis meses para entregar”, justifica.
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