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Calibragem correta poupa muito o pneu

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Parece um ‘detalhe’, mas não é: cuidar da calibragem, assim como de todas as outras necessidades de manutenção dos pneus, pode fazer enorme diferença nos custos do transporte de cargas

Quando usa as pressões corretas nos pneus, o transportador está economizando não apenas pneus, mas também o principal custo na planilha: combustível.

Este é o tema da primeira reportagem da série Direção Econômica, que publicaremos ao longo do ano com informações úteis para quem vive na estrada e quer reduzir custos e melhorar o faturamento.

A Transportes Del Pozo, de Ponta Grossa (PR), é uma empresa que zela pela manutenção correta dos pneus. Depois que passou a tomar mais cuidado com a calibragem dos mais de 10 mil pneus de sua frota de 320 caminhões, os resultados apareceram: a quilometragem média na primeira vida nos eixos de tração subiu de 90 mil para 105 mil km. Isto representa de quatro mil a 4.500 km rodados para cada milímetro de banda.

“Ganhamos também no consumo de diesel. E os motoristas se aliaram a nós nessa questão. Eles entenderam que pneus com a pressão abaixo da recomendada rodam ‘amarrados’, como se estivessem freando”, explica Adelar de Paula Grzebilucka, responsável pela manutenção dos pneus da Del Pozo.

A calibragem ideal depende do peso que está sendo transportado, comenta o gerente de marketing da Bridgestone Bandag, Ricardo Drygalla. “É importante ficar atento às especificações do fabricante e calibrar os pneus pelo menos uma vez por semana”, avisa. Segundo ele, também no site da Alapa – Associação Latino-americana de Pneus (www.alapa.org.br) é possível encontrar uma tabela com a calibragem ideal para cada tipo de pneu.

Além da pressão correta, os cuidados com pneus envolvem ainda emparelhamento, rodízio, alinhamento e balanceamento, lembra Drygalla. E a participação do motorista é fundamental, sobretudo quando os deslocamentos obrigam o caminhão a ficar longos períodos fora da base.

Para auxiliar na tarefa de gerenciar custos, na última Fenatran a Bridgestone apresentou o RFID Gate, um chip que, instalado no pneu, proporciona a identificação e acompanhamento individual da vida útil da carcaça. As informações são captadas toda vez que o veículo passa pelo portão da transportadora, onde está instalado um equipamento de leitura. O sistema monitora a profundidade dos sulcos, a necessidade de troca ou rodízio e de calibragem, entre outros itens.

Para Fábio Garcia, gerente de Marketing Comercial da Goodyear, tudo começa na escolha certa do pneu. E é preciso pensar no ciclo completo do pneu, que inclui a primeira vida e as reformas ou recapagens.

Além de aumentar o consumo de diesel, Fábio explica que a pressão 30% abaixo da recomendada encurta em até 70% a vida útil do pneu. Da mesma forma, o desalinhamento das rodas ou as vibrações provocadas pelo desbalanceamento provocam desgaste irregular e afetam o desempenho do caminhão.

Ele recomenda que o alinhamento e balanceamento sejam feitos a cada 15 mil km ou a qualquer momento se o motorista perceber que o caminhão está puxando para um lado.

“As margens de lucro estão cada vez mais reduzidas, o que tem obrigado empresas e autônomos a se profissionalizarem e cuidar dos custos. E combustível e pneus são os principais itens de despesas no transporte”, diz.

Fábio chama a atenção para a importância do respeito à capacidade de carga do caminhão e do pneu também para evitar desgaste prematuro e maior consumo de diesel.

Além do chip para monitoramento denominado Tire IQ, a Goodyear tem investido em novos compostos de borracha, que, ao produzirem menor atrito com o solo, reduzem o consumo de diesel. É o caso dos pneus FuelMax, que proporcionam até 5% de economia, segundo o fabricante.

Bons motivos para ter um programa de gerenciamento de pneus

A grande maioria dos transportadores desconhece que, ao investir num programa de gerenciamento de pneus, irá colher frutos também na conta de combustível, na opinião do consultor Hiroshi Matsumaga, especialista em gerenciamento de pneus.

Os pneus, segundo Hiroshi, influenciam o consumo de combustível devido à Resistência ao Rolamento (RR). Ele explica que, conforme os pneus giram ao movimentar o veículo, é criada uma força de resistência contrária ao sentido de rolamento. Duas fontes de perda de energia compõem esta força: uma criada pela flexão da parede lateral do pneu e outra pela deformação e compressão da banda de rodagem contra o solo. Quanto maior a intensidade desta força, maior a RR e, consequentemente, maior o consumo de combustível.

A RR dos pneus é variável e depende de fatores ligados à construção do pneu, como o desenho, se é radial ou diagonal, a profundidade dos sulcos ou escultura e compostos de borracha utilizados. Outros fatores que influenciam são a calibragem, o alinhamento e o balanceamento.

Para Hiroshi, existem hoje sistemas eficientes de gerenciamento e controle que podem proporcionar este ganho cruzado – nos pneus e no combustível. E cada empresa deve coletar e analisar os dados relativos a sua operação para verificar a viabilidade de realizar investimentos nesta área e reduzir seus custos operacionais.

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