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Desativação de usina puxa pelos idos da Transoto

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A transportadora que nasceu para carregar para a Siderúrgica Mannesmann marcou o cenário do TRC mineiro de uma forma que não se apaga da memória

Luciano Alves Pereira

Repercute a notícia de que a Mannesmann programa a desativação da sua tradicional usina no Barreiro, bairro a Leste de Belo Horizonte. A empresa deverá apagar os dois altos-fornos da usina, por causa da crise econômica. Eles foram acesos há não menos que 62 anos. A produção continuará na planta de Jeceaba, a 100 quilômetros de BH, bem mais recente.

Vale a pena registrar a correlação do nome Mannesmann com o TRC. A empresa produz tubos sem costura de variados calibres, utilizados na indústria automotiva, na de armamentos e outras. Produtos parrudos vão para a indústria de petróleo e gás.

O escoamento dessa produção sempre dependeu do TRC. No começo, em 1954, peças de até 14 metros de comprimento iam de trem. Em pouco tempo, o TRC se adequou e tal carga longa tornou-se incentivadora de uso das carretas, inclusive extensíveis. A Scania e os fabricantes de carretas de três eixos se beneficiaram dessa oferta de carga.

O hoje autônomo José Leandro Clementino, nascido em Patos de Minas, foi testemunha desse movimento de cargueiros. Com seus quase 60 anos de vida profissional estradeira, Zé Leandro chegou a ser motorista da lendária Transoto Ltda., de Belo Horizonte.

DISCIPLINA – A empresa foi fundada em 1951, por Oto Augusto de Lima. Por seu prestígio, logo se tornou exclusiva no escoamento da Mannesmann. Zé Leandro diz que o predomínio se estendia à ferrovia, ou seja, “até esta pegava frete carreteiro no redespacho emitido pela Transoto”, lembra. A Transoto ainda tinha ônibus para transportar pessoal da Mannesmann.

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Zé Leandro posa, em 1982, à frente de um dos três Mack B61-S da inconfundível Transoto

Zé Leandro esteve na Transoto de 1979 a 1986. “A disciplina de trabalho era igual à do Exército”, diz o profissional. “O sr. Oto gostava de ser chamado de comandante e dar carona a quem quer que fosse era motivo de demissão sumária”, acrescenta.

A frota do sr. Oto rodava no capricho, contando com pesadões americanos importados, das marcas International, GMC e Mack. Já no meio da sua história, foram-lhe comprados os Scania, sempre na configuração 6×4 (LT) e trucados L 76. Mercedes-Benz também compunham o plantel. Todos pintados de verde-garrafa, com resumidos detalhes em amarelo. O para-choque dianteiro era coroado pelo que alguns chamam de grade empurra-boi. Tudo bem cuidado, “nos trinques”, como arremata Zé Leandro.

No início dos anos 1990, a Mannesmann alterou os termos do contrato de prestação de serviço. A Transoto não concordou e outras transportadoras a substituíram.

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