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Mercado reaquece e começa a faltar caminhões

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Na comparação com o primeiro trimestre de 2017, as vendas apresentam crescimento de 51,6%

Nelson Bortolin

O mercado de caminhões apresentou recuperação expressiva em março deste ano, quando foram emplacados 5.969 unidades, um crescimento de 45,3% em relação a fevereiro e de 44,8% na comparação com março de 2017. No acumulado do ano, agora são 14.669 vendidas, um aumento de 51,6% quando comparado com os 9.671 emplacamentos do primeiro trimestre de 2017.Os números são da Federação Nacional da Distribuição dos Veículos Automotores (Fenabrave) e foram divulgados na terça-feira (3).

A recuperação está sendo puxada pelo segmento pesado, que mais sofreu durante a crise econômica. Em março, esse segmento representava 48,2% das vendas (veja o quadro).

Fonte: Fenabrave

Já há concessionárias sem caminhão para entregar aos seus clientes. É o caso da P.B. Lopes, loja Scania em Londrina. Segundo o gerente-geral Marlon Sartório Adami, o bom desempenho do agronegócio na safra 17/18 é o principal responsável pelo aumento da procura dos pesados. “O grande frotista (do agro) vinha atualizando suas frotas durante a crise com compras menores, mas o autônomo, o pequeno e médio empresários não compraram caminhões nos últimos anos e agora estão voltando ao mercado”, explica.

Ele afirma que, até há pouco tempo, o setor de transporte não sinalizava recuperação expressiva e, em virtude disso, as montadoras se comprometeram mais com o mercado externo. “As concessionárias Scania estão faturando entre 700 e 750 caminhões (por mês), que representam entre 30% e 40% da produção da fábrica. O resto vai para o mercado externo”, alega.

De acordo com Adami, a montadora optou por não fazer demissões durante a crise e apostou nas exportações. “De repente, o mercado interno reaquece e não há como quebrar contrato de exportação”, analisa.

O gerente diz que sua loja só tem como entregar caminhões para novas vendas a partir de novembro. “Dentro de uns 15, 20 dias, só poderemos nos comprometer com entregas para o ano que vem”, conta. De acordo com ele, essa é realidade não só da linha extrapesada, mas também dos caminhões P310, 8×2. “O mercado realmente está bem aquecido.”

Nas concessionárias do Grupo Rivesa (Volvo) no Norte do Paraná, o prazo para entrega de caminhões vai de 60 a 90 dias, segundo o diretor comercial Francisco Almeida Feio Ribeiro. Além da retomada da indústria, ele aponta a melhora do nível de endividamento dos transportadores como justificativa para o reaquecimento das vendas de caminhões. “São clientes que estão terminando de pagar os financiamentos que fizeram antes da crise e agora começam a poder renovar frota”, explica.

A queda na taxa Selic, de acordo com o diretor, está melhorando a oferta de crédito dos bancos privados (CDC). Na Rivesa, os recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já foram responsáveis por 95% do financiamento de caminhões. A tendência agora é que a participação do dinheiro do governo caia para 60%.

Ribeiro também conta que está havendo uma reacomodação do uso de veículos. “Com a queda da indústria na crise, muita gente foi para o transporte de grãos, e agora começa a voltar para as cargas industriais”, relata. Ele estima que, no Norte do Paraná, as vendas de caminhões acima de 16 toneladas devem terminar o ano com um crescimento de 40%.

O diretor Comercial da DAF,  Luís Antonio Gambim, confirma a falta de caminhões. A fábrica de Ponta Grossa, segundo ele, só consegue programar entregas para agosto.

Assim como o gerente-geral da P.B. Lopes, o presidente do Setcepar (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná), Marcos Battistella, ressalta que a indústria de caminhões estava focada no mercado externo devido à crise no Brasil. E que agora não tem condições de atender rapidamente a demanda do reaquecimento interno. “Vai levar um tempo ainda para reequilibrar a oferta e a procura por veículos. Estão programando entrega para até 8 meses”, alega.

De acordo com o empresário, o transporte de carga começou a reaquecer no final do ano passado, processo que se acentuou nos últimos meses. Mas a remuneração do setor, segundo ele, ainda não deu sinais de recuperação. “O frete agrícola sempre oscila de acordo com a oferta e procura, mas na carga industrial, a tarifa demora mais para se recompor porque há contratos firmados (entre transportadores e embarcadores)”, justifica.

Por meio da assessoria de imprensa, a Volvo informou que a entrega de caminhões está demorando entre 60 e 120 dias, dependendo do modelo. E que, para atender ao crescimento da demanda, a fábrica de Curitiba retomou, em fevereiro, o segundo turno de produção, com a contratação de 250 funcionários.

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2 Comentários

  1. Penso que tem algo de errado nessa informação repassada à Carga Pesada, pois o que assistimos no dia a dia é caminhão parado nos pátios das empresas aguardando carga e autônomo trabalhando a troco de combustível. Não seria uma Fack News das montadoras para uma corrida as compras?

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